A presença das mulheres no mercado de trabalho está crescendo constantemente, e as projeções indicam que essa tendência só tende a aumentar. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelam que a economia brasileira poderia crescer até 382 bilhões de reais se houvesse uma maior inclusão de mulheres no mercado de trabalho.
Embora a luta feminina por direitos e igualdade tenha avançado, ainda há um longo caminho pela frente, especialmente na busca por paridade em cargos de liderança. Um estudo da Grant Thornton, “Women in Business: Pathways to Parity“, prevê que, no ritmo atual, a igualdade de gênero em posições de liderança só será alcançada em 2053 – um longo período que devemos reduzir.
Um caminho lento, mas promissor
Apesar do progresso gradual, há motivos para ser otimista. Nos últimos 20 anos, a discussão sobre o empoderamento feminino evoluiu significativamente. As mulheres agora estão mais capacitadas para tomar decisões que priorizem suas necessidades pessoais e profissionais. Isso inclui a demanda por modelos de trabalho flexíveis e a aceitação de diferentes estilos de liderança, permitindo que as mulheres se afirmem como líderes autênticas.
A evolução histórica das mulheres no mercado de trabalho
A revolução industrial no Brasil foi um marco para a entrada das mulheres no mercado de trabalho. A partir da década de 1930, a industrialização aumentou a demanda por mão de obra, permitindo que as mulheres deixassem o trabalho doméstico para se juntarem à força de trabalho industrial. No entanto, os salários eram desiguais, com as mulheres recebendo menos do que os homens para as mesmas funções. Isso soa familiar?
A década de 1970 foi marcada pelo Movimento Feminista, que começou nos EUA e teve um impacto significativo no Brasil. Esse movimento foi essencial para a luta por liberdade, igualdade de gênero e direitos das mulheres, iniciando um processo contínuo de conquistas importantes.
O Mercado de trabalho brasileiro e a mulher
No Brasil, a participação completa das mulheres no mercado de trabalho demorou a se concretizar. Somente em 1930, o decreto-lei nº 24.417 abordou a situação das mulheres no mercado de trabalho. Foi apenas na década de 1940 que as mulheres começaram a ocupar diversos cargos, impulsionadas pelo crescimento das indústrias siderúrgica, petrolífera, química, farmacêutica e automobilística.
Apesar dessas mudanças, a participação feminina ainda era pequena. Em 1950, os homens representavam 80,8% da população economicamente ativa, enquanto as mulheres eram apenas 13,6%, segundo o censo do IBGE. Nas décadas seguintes, o movimento feminista ajudou a impulsionar a causa das mulheres trabalhadoras, quebrando tabus e promovendo a igualdade.
A Constituição Federal de 1988 foi um marco importante, instituindo a cidadania e os direitos humanos para as mulheres brasileiras. Além disso, o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, começou a ser reconhecido oficialmente no país.
A luta das mulheres no mercado de trabalho continua
Mesmo com avanços na educação, onde as mulheres superam os homens em escolaridade, a desigualdade no mercado de trabalho persiste. Dados de 2022 do IBGE mostram que 53,3% das mulheres fazem parte da força de trabalho, em comparação com 73,2% dos homens. Além disso, as mulheres ocupam apenas 39,3% dos cargos gerenciais e recebem salários 21,2% menores que os homens para as mesmas funções.
As mulheres também enfrentam uma carga desproporcional de tarefas domésticas. Em 2022, elas dedicaram quase o dobro do tempo aos cuidados da casa e de pessoas em comparação aos homens (21,3 horas contra 11,7 horas semanais). Essa carga maior impacta negativamente sua participação no mercado de trabalho.
A desigualdade é ainda mais acentuada para mulheres negras. Elas estão mais envolvidas em trabalhos domésticos não remunerados e enfrentam taxas de informalidade mais altas (45,4%) em comparação com homens brancos (30,7%). Além disso, a renda média das mulheres negras é significativamente menor, e elas têm maior probabilidade de viver abaixo da linha de pobreza.
O impacto da maternidade para as mulheres
A maternidade apresenta desafios adicionais. Estudos mostram que as mulheres sofrem uma queda salarial significativa após terem filhos. No Brasil, 42% das novas mães deixam suas ocupações após o nascimento do primeiro filho, e 35% continuam fora do mercado de trabalho dez anos depois.
O impulsionamento do trabalho híbrido nas carreiras
A flexibilidade no trabalho, como horários flexíveis e regimes híbridos ou remotos, tem sido fundamental para que mais mulheres alcancem posições de liderança. A pesquisa “Avançando na Igualdade: Mulheres no Ambiente de Trabalho Híbrido“, realizada pela IWG, revela que a flexibilidade permitiu que 53% das mulheres buscassem promoções ou cargos mais altos. O estudo ainda revela que:
- 73% das mulheres em grupos minoritários encontraram novas oportunidades com o trabalho híbrido;
- 67% afirmaram que essa modalidade ajudou na progressão de carreira;
- 70% acreditam que o trabalho híbrido tornou o ambiente mais inclusivo.
Com o home office, as mulheres estão investindo ainda mais em educação para progredir em suas carreiras. De acordo com a plataforma Vagas.com, 14,1% das mulheres possuem pós-graduação, em comparação com 12,2% dos homens. No entanto, essa qualificação superior não se traduz igualmente em oportunidades de carreira, com as mulheres ainda enfrentando desafios em alcançar cargos de média e alta gestão, segundo o estudo.
A jornada das mulheres no mercado de trabalho é marcada por conquistas importantes, mas também por desafios persistentes. A igualdade de gênero ainda está distante, mas com o engajamento de toda a sociedade, é possível criar um futuro onde as mulheres possam exercer plenamente seus direitos e contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país.
A AMIG está comprometida em promover a inclusão, capacitação profissional e sensibilização para criar um ambiente de trabalho mais justo e inclusivo para todas as mulheres.